Doença arterial dos membros inferiores: oclusão arterial crônica

 

É a doença arterial mais comum em angiologia e cirurgia vascular. Acomete todo o sistema arterial e tem na aterosclerose sua causa mais frequente.

Aterosclerose é uma doença sistêmica e multissegmentar, assintomática por longos períodos que endurece as paredes arteriais e compromete o fluxo sanguíneo no território que irriga. É causada por fatores de risco como diabetes melito, hipertensão arterial, tabagismo, doenças do colesterol e sedentarismo.

Seu aparecimento depende do número de artérias comprometidas, extensão da doença, grau de estenose, desenvolvimento de colaterais, nível e atividade do paciente e do controle dos fatores de risco acima expostos.

Caracteriza-se como dor que piora em aclives e com o aumento da velocidade da marcha, mas diminui com um breve repouso mesmo com o paciente permanecendo em pé. Há perda dos pulsos e atrofia dos músculos. Com a piora da doença pode se instalar uma dor de repouso ou as temidas úlceras. Dor de repouso é uma dor contínua, que piora à noite impedindo o paciente de dormir mas forçando-o a deixar o pé pendente para melhorar o fluxo. Úlceras são ferimentos espontâneos ou pós-traumáticos que não cicatrizam após 6 semanas. O último estágio é a gangrena da perda, condição de necrose da extremidade cujo tratamento é a amputação.

De acordo com o estudo realizado em Framingham, a incidência média anual de doença arterial periférica sintomática é de 26 por 10.000 homens e 12 em 10.000 mulheres, aumentando com a idade (entre a 6ª e a 7ª década de vida). Também atinge mais os brancos e é de alta frequência em diabéticos. De modo geral, a incidência estimada de isquemia crônica dos membros inferiores é de 500 a 1000 casos novos por milhão de habitante por ano. Entre esses pacientes, o índice de amputação primária varia de 10 a 40%. Naqueles com diagnóstico de doença coronariana, a presença de doença aterosclerótica periférica representa fator de risco independente para evento fatal, aumentando esse risco em 25%. Apesar de não dispor de dados epidemiológicos em nosso meio sua incidência parece ser importante.

Existe um arsenal terapêutico a disposição do cirurgião vascular e do angiologista para tratamento da doença aterosclerótica periférica aí inclusos tratamentos clínico e cirúrgico. Os últimos anos trouxeram grandes transformações no tratamento cirúrgico endovascular, medicações foram aprimoradas, casos são estudados criteriosamente para opção terapêutica individualizada que vise à manutenção de uma extremidade viável e apta a deambulação, mas a amputação maior (perna ou coxa) e seu impacto psicossocial ainda são grandes.

A doença pode ser diagnosticada clinicamente e com auxilio de exames não invasivos como a ultrassonografia doppler ou invasivos como uma angiotomografia ou arteriografia ( esta última conhecida como cateterismo). O tratamento depende em qual estágio está a doença. Pode ser apenas medicamentoso ou cirúrgico (endovascular ou convencional).