Pé diabético

 

É o conjunto de alterações morfológicas e funcionais que ocorrem nos pés dos pacientes diabéticos decorrentes de doenças dos vasos, nervos, de ambos ou uma infecção. É um quadro grave, complicação de diabetes mal controlado de longa evolução. É a principal causa de amputações não traumáticas, mas tem como ser prevenido e evitado através de simples cuidados com os pés.

O pé diabético continua a ser importante problema de saúde pública com morbimortalidade elevada e incapacidade funcional daqueles submetidos à amputação, notadamente os que não conseguem a bipedestação na reabilitação.

Diabetes melito é doença de prevalência crescente e importante causa de amputações. Inúmeras variáveis participam da etiologia e suas complicações. A longa duração da doença e o mau controle metabólico atestado pelos níveis elevados de hemoglobina glicada e glicemia de jejum, reforça o risco maior de amputação nestes pacientes, bem como maior frequência de eventos cardiovasculares fatais.

Estima-se que hoje, a população de diabéticos no Brasil ultrapasse os 12 milhões de pacientes. O chamado “pé diabético” é considerado um grave problema de saúde pública responsável por cerca de 50.000 amputações no Brasil todos os anos. Diariamente, cerca de 150 diabéticos são submetidos a algum tipo de amputação de membros inferiores nas unidades de saúde pública em nosso país e, na última década, este número não diminuiu a despeito da melhoria na cobertura de saúde da família e na oferta de insulina e hipoglicemiantes orais para o controle do diabetes. Pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular-Regional Rio de Janeiro (SBACV-RJ) mostrou que 60% dos pacientes diabéticos que são internados nos hospitais de emergência com lesões nos pés acabam sendo amputados.

Conforme o Consenso Internacional sobre Pé Diabético, pacientes com amputação prévia devem realizar uma consulta entre um e três meses e devem ter, no mínimo, um exame anual de seus pés, e em maior número se o risco de complicações for elevado, uma vez que a piora do pé diabético é evitável através de medidas preventivas e diagnóstico precoce.

A falta de acesso aos serviços de saúde, apesar do aumento da cobertura da atenção básica verificada na última década no Brasil, a baixa adesão ao tratamento, apesar do desenvolvimento de práticas educativas no manejo do pé diabético, incrementam o risco de amputação. Impõe-se educar o paciente em saúde na área do diabetes. Urge também assegurar políticas públicas que assegurem o acesso à atenção médica básica (medicina preventiva) a fim de fazer diagnósticos precoces, educar para saúde e facilitar encaminhamento para serviços especializados quando necessário. É um problema médico e social grave, exige disciplina e educação do paciente diabético. Uma equipe multidisciplinar é necessária para o acompanhamento do paciente e a qualidade de vida pode ser melhorada.